O Presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, presidiu à Cerimónia de Entrega do Prémio Direitos Humanos, atribuído, em 2022, ex-aequo à Adolescere – Associação de Apoio à Criança e Adolescente, IPSS e à Fundação Allamano, “pelo seu trabalho de relevo no acolhimento e integração de crianças e jovens refugiados, do Afeganistão e da Síria e, mais recentemente, da Ucrânia, através destas duas organizações simbolicamente homenageando toda a sociedade civil portuguesa, pela notável e solidária mobilização em favor destes cidadãos deslocados em contexto de guerra, em particular dos mais de 52 mil cidadãos ucranianos acolhidos no nosso país”.

Na cerimónia, a Adolescere que se fez representar pela sua Presidente, Carla Fernandes, deu nota do “sentimento de muito orgulho e de um agradecimento especial para celebrar algo que está tão ameaçado como nunca, e mesmo à nossa porta – os Direitos Humanos.”

Referiu ainda que este é “mais do que um prémio de uma organização, mas sim um reconhecimento da necessidade de ação, empenho e de trabalho conjunto para ultrapassar e amenizar as dificuldades e violações de direitos que as gerações mais novas consideraram garantidas e que muitos outros fazem travessias de terror, dificuldades e privações.”

Foi ainda possível ouvir um testemunho de uma jovem mãe refugiada, com filhos menores, num trabalho de podcast e livro desenvolvido pela Ambigular e a Adolescere, disponível no site da Adolescere.

Na mesma Cerimónia, o Presidente Augusto Santos Silva procedeu ainda à entrega de Medalhas de Ouro Comemorativas do 50.º Aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos à Associação Acreditar – Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro, “pelo relevante trabalho de acompanhamento, desde 1994, de crianças e jovens e suas famílias em todos os momentos da doença, em hospitais ou ao domicílio, através de apoio emocional, logístico, financeiro, material, escolar, psicológico ou jurídico”; e à Associação JOÃO13 – Associação de apoio e serviços a pessoas carenciadas, “pelo meritório trabalho desenvolvido no apoio a pessoas social ou economicamente carenciadas, contribuindo para que possam viver em condições dignas, através da colaboração exclusiva de voluntários”.

Depoimento na integra da ADOLESCERE da sessão:

“Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República,
Exmo. Senhor Presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias
Exmos. Senhores Deputados
Exmos. Representantes de Organizações sem fins lucrativos e não governamentais presentes
, demais Convidados e Público

É com sentimento de muito orgulho e de um agradecimento especial que nos encontramos aqui, hoje, na casa mãe da democracia, para celebrar algo que está tão ameaçado como nunca, e mesmo à nossa porta – os Direitos Humanos.

É também a razão de ser de uma organização, a ADOLESCERE, que nasceu em finais de 2015, orientada pelos valores contemplados na Declaração Universal dos Direitos Humanos / Convenção dos Direitos da Criança, ratificada por Portugal em 21 de setembro de 1990.

Esta organização de mulheres e homens desenvolve desde a sua existência esforços concretos dentro das comunidades onde trabalha, com essa premissa.

Com enfoque na promoção da melhoria da qualidade de vida da população vulnerável ao risco social, em particular das crianças e jovens com ou sem suporte familiar e/ou institucional, através da dinamização de projetos e atividades de âmbito psicossocial, educativo, formativo e cultural.

Sentimos a nossa presença aqui, neste momento, como mais do que um prémio de uma organização, mas sim um reconhecimento da necessidade de ação, empenho e de trabalho conjunto para ultrapassar e amenizar as dificuldades e violações de direitos que as gerações mais novas consideraram garantidas e que muitos outros fazem travessias de terror, dificuldades e privações.

A ADOLESCERE tem recebido cidadãos de todo o mundo, desde o nosso pais, passando pelo Sudão e Sudão do Sul, Congo, Camarões, Bangladesh, Somália, Nigéria, Costa do Marfim, Paquistão, Síria, Iraque, Irão e mais recentemente Afeganistão, Ucrânia e Timor Leste…

Falamos de crianças e jovens, famílias monoparentais com filhos menores, cidadãos isolados, famílias destruturadas, que fizeram viagens até Portugal, através de programas de reinstalação, recolocação e até de barcos humanitários, onde nós os acolhemos, acompanhamos e procuramos a integração ao nível educativo, profissional e social.

Partilhamos este reconhecimento, votado de forma unânime por esta comissão, desde logo, com o Alto Comissariado para as Migrações e com a Segurança Social.

Porque de forma proativa e partilhada apresentaram uma necessidade às organizações do sector social, como a Adolescere, e em conjunto com estas, se têm desenvolvido respostas para cada novo desafio humanitário que se nos apresenta.

Também, destacar uma rede de suporte que para além das mencionadas, junta a Secretaria de Estado da Igualdade e Migrações, a ACES, o IEFP, Câmaras Municipais e Agrupamentos de Escolas das localidades onde estamos presentes.

Rede esta, cuja articulação, define o sucesso do acolhimento e integração destes seres humanos, mas também define o sucesso de um Pais – humano, solidário e justo.

Nos últimos meses temos vivido vários e novos desafios como a resposta a cidadãos Ucranianos e Timorenses, mas também a um alargado grupo de estudantes e professores, metade constituído por mulheres e raparigas, acolhidos em Braga e Guimarães refugiados do Afeganistão, do regime talibã.

Fazem parte de um grupo de música tradicional que pertence à Orquestra ANIM do Instituto Nacional de Música do Afeganistão, acolhidos em Portugal com a ajuda das autoridades do Catar, impedidos de serem quem são e ainda viram a sua escola ser destruída.

Jovens estudantes e professores podem continuar a tocar e cantar em Portugal.

Na ADOLESCERE e em tudo o que fazemos, no sistema de proteção de crianças e jovens, através do nosso CAFAP, nas restantes respostas e projetos realizados, e nas respostas humanitárias que desenvolvemos, os desafios são gigantescos.

Desde a cultura, o emprego, a habitação, o reagrupamento familiar, e tudo o que implica ter estabilidade, a paz e segurança para fazer o que todo o ser humano tem direito – SER FELIZ. “

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